Felipe Turner "... Te comi recitando Fernando Pessoa, ...."
Natural de Campo Grande - MS, hoje ele mora com seus livros, está solteiro, e fala ao nosso site sobre vários assuntos, e despeja toda sua arte para os leitores do nosso blog, com um pouco de ousadia é claro.
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- Do que você mais gosta no seu corpo e do que não gosta?
As minhas mãos, por ser ambidestro e também por serem as autoras quando toco alguma música ou pinto um quadro, ainda são ferramentas de trabalho cartorário. Busco aceitar o meu corpo da maneira como ele é condicionado mas não gosto do desvio de septo que me incomoda quando a rinite vem.
- Você faz algum tipo de esporte ou exercício?
Pratico yoga e nado quando possível. Uma prática de vitalidade taoísta que pratico é a órbita microcósmica, uma meditação ensinada pelo Mantak Chia.
- Como começou na música?
Comecei com 11 anos a fazer aula de teclado no conservatório da escola, de lá fui pro violão, gaita e depois trompete. Participei da banda Asas Mundanas por 5 anos e fizemos o circuito de rock de Sampa, rolaram 3 apresentações no Hangar e outros tantos lugares bacanas na Teodoro Sampaio, Osasco, zona leste no Cervejazul, até pra Guarulhos fomos.. Na Banda União Racional como trompetista mais o menos no mesmo período, chegamos a desfilar até no Rio+20. Antes da pandemia o ultimo show que participei foi como guitarrista da banda Aya no festival Mundo Sol em Lagoinha, foi incrível! Atualmente estou compondo harmonias de hinos homéricos para a Cia. Vento Áureo dirigidas pelo professor de grego, Rodrigo Bravo.
- E como começou a escrever?
Começar a escrever e ter constância no habito foi um reflexo de conviver com uma mãe professora de literatura e um pai bibliotecário, a minha mãe sempre incentivou muito a leitura e também tem uma biblioteca que até hoje acontecem achados. Mas na adolescência entre 14 e 15 anos que aflorou mais a composição de poesia e músicas e esse processo de aprimorar a escrita levou a ser premiado em um concurso de poesia nacional que me incentivou a publicar meu primeiro livro “Sinfonia do Caos” e depois com uma boa parceria com a Editora Guismofews a lançar o livro de poesia ilustrada “Caduceu” que é hoje o meu trabalho literário que teve mais eventos, fizemos pré lançamento no circuito da Off-Flip, depois também teve na Livraria Cultura, Zap Slam e apresentações em saraus como na Patuscada, sarau do Burro e também uma apresentação musical dos poemas no Museu da Justiça do TJSP. Estou praticamente com o próximo livro todo escrito no meu sketch, preciso tira-lo do papel.
- Qual foi experiência mais maluca entre 4 paredes que já teve...?
Bom.. Sou sagitariano gosto de criatividade, brincar de excitar viver o momento, depois de conhecer o tantra mais ainda. Mas uma das coisas mais malucas eu diria foi quando numa noite que transei recitando Fernando Pessoa com uma ex namorada, ela de quatro e o livro apoiado em cima da bunda empinada. Foi divertido porque tentava manter uma leitura pausada bem na oratória enquanto ela rebolava e eu colocava mais fundo e mais forte. Brincamos assim até não dar mais pra acompanhar a leitura. Depois disso escrevi um poema que começava assim “Te comi recitando Fernando Pessoa, a leitura era firme e o pau também”.
- Você já tomou a vacina?
A primeira dose sim, falta a segunda em setembro.
- Você teve algum arrependimento nos últimos 10 anos?
Devia ter ido morar sozinho a mais tempo.
- E Como o você quer estar em 10 anos
Espero expandir meu repertório artístico com mais obras, literárias, visuais e musicais. Terminar o curso de letras e entrar no mestrado em tradução ou teoria literária. Estou num dilema para escolher o idioma da habilitação, estava fazendo alemão e depois que saí comecei a fazer aula particular de grego antigo. Gosto muito de estudar a poesia de Homero e Hesíodo, mas acho que a formação em alemão pode abrir mais portas de trabalho.
- A arte é uma urgência pra você?
A arte para mim é uma ferramenta de resistência em meio ao mundo corporativo que vivemos, tento não fazer dela uma urgência pela importância terapêutica que ela me proporciona, no sentido de dar espaço para ela fluir de forma mais livre, passo alguns processos de criação intensa, mas me dou uns dias de folga. Uma semana escrevo, na outra estou pintando e trabalhando em harmonias, vai conforme o vento.
- Quem é você depois que a porta fecha?
Outras tantas que se abrem. Três livros abertos, blusa da adidas cheia de tinta, uma tela em andamento e um cabernet sauvignon aberto é o meu cenário. Quando não estou trabalhando com o cartório sou a rádio psicodélica da criação buscando sintetizar o cosmo em poesia. Passo uma boa parte do dia lendo, quando não é no trabalho são poemas ou textos relacionados à cultura védica ou estudando grego antigo (na pandemia aprendi a ler em grego e sânscrito) e os volumes do Universo em Desencanto que são mais de mil livros, estudo a mais de dez anos e atualmente estou lendo o volume 111º do histórico.
- Na cama gosta mais do que?
Na cama eu gosto de me perder no tempo com a pessoa, sabe aqueles dias que ce vai pra cama a tarde e quando vê já é de noite? Massagem é sempre bem vinda, também gosto de ir encontrando os pontinhos erógenos do tantra e ir esquentando nessa brincadeira.
- Você vai pra cama com ele(s) ou com ela(s)?
Com elas.
Você gosta de namorar? Ou preferia ficar mais livre ?
Gosto de namorar, mas também respeito meus ciclos. Passo um tempo solteiro tranquilamente.
- O que te faz rir?
Tenho um riso fácil, mas gosto também de elaboração na zueira.
- E o que te faz chorar?
O sofrimento imutável do mundo, mas também as sinceras boas ações em fazer essa casa planeta melhor. O que aprendo a cada dia na Cultura Racional é tratar as pessoas melhor do que merecem pois só de estar na matéria a dor já é inevitável.
- Indica uma música ou canal na Internet pra gente?
Mira, da Luiza Lian e o canal do Youtube Terceiromilenio21.
- Fala um pouco da sua profissão?
O meu trabalho é burocrático e não existe um “acabar”, sempre vai ter algum documento para expedir ou algum email para responder. Exige leitura, boa redação e entendimento do andamento processual. Faz 7 anos que exerço essa função, já estou bem habituado e gosto de poder contribuir com o meu cartório.
- Como ganha a vida hoje em tempos de pandemia?
Atualmente estou em escala semi-presencial, então tem dias que vou e outros faço home office.
- Fala um pouco de como foi o seu tempo de Quarentena?
Essa quarentena está sendo um período de muita transformação no meu estilo de vida, primeiramente por que havia acabado de sair da casa da minha mãe, sempre tivemos uma ótima convivência e depois que ela mudou para o interior e passei 8 meses indo e voltando diariamente para São Paulo se tornou inviável, me mudei e passei alguns meses dividindo um apê com uma amiga. Lá tive a oportunidade de conhecer meu professor de grego antigo que foi meu vizinho de porta, como o tempo livre era muito comecei a estudar o sânscrito por conta. O imprevisto que rolou nesse tempo foi que o dono do apartamento (que também é meu amigo) teve que cancelar o doutorado que estava fazendo na Espanha e voltou mais cedo. Como ele dá aula de teatro na USP e a necessidade do apartamento por conta da proximidade e a biblioteca (que é sensacional) entreguei antes do combinado e aluguei uma casa. Estou amando a experiência de morar sozinho.
- Quem é você?
Sou um artista, gosto de celebrar o dom da vida. Também sou muitas vezes pacificador."
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Publicado Originalmente em 13/08/2021
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