Raphael Granucci - "... A pressão desses tempos vai com certeza nos transformar, mas alguns continuarão intragáveis. ... "


Raphael Granucci, (@raphagranucci) redator de 27 anos, que vive em São Paulo, é nosso "Nude da Semana"!

Além de interprete da Drag (Raviolina) o gato nascido em São Caetano do Sul - SP, é dono do blog "Nu Com A Minha Poesia" e está solteiro!

Fique agora com o "Nude da Semana" e seu ensaio caseiro lindo!!



- Do que você mais gosta no seu corpo e do que não gosta?

Gosto dos meus olhos e da minha bunda. Sinto que se fosse mais alto, a vida seria mais fácil.


- Você faz algum tipo de esporte ou exercício?

Já fiz yoga, mas com a correria do dia a dia, fui deixando de lado. Ainda me cobro para voltar.


- Quem é você depois que a porta fecha? Na cama gosta mais do quê?

Na cama eu gosto da entrega, independentemente dos papéis que podem ser desempenhados. Gosto de ser penetrado e, às vezes, de penetrar.


- Qual foi experiência mais maluca entre 4 paredes que já teve...?

Acho que foi dizer "eu te amo" durante uma foda.


- Considerando o momento político do Brasil, Como você acha que será o "futuro" do Brasil? As pessoas vão mudar sua maneira de pensar?

Gosto de uma frase, da qual não me lembro o autor, que diz: "no passado tinha mais futuro". Prefiro acreditar que poderemos sair de uma situação difícil como comunidade, mesmo porque trabalho para isso. Porém, não acredito que isso vá acontecer naturalmente, é necessário muito empenho para vencer uma corrente de ódio e ignorância.

- Se pudesse voltar 10 anos atrás, o que falaria pra você mesmo? E Como o você quer estar em 10 anos?

Há 10 anos eu me sentia mais livre, apesar de hoje ter mais autonomia. Gostaria de não ter perdido a liberdade – e principalmente a coragem de existir dentro de mim mesmo. E também pediria mais paciência, principalmente com as pessoas que iriam me decepcionar nos anos vindouros.

- Na cama é com eles, ou com elas?

Ele. E eles.


- Balada ou Netflix?

Por muitos anos deixei de frequentar a noite de São Paulo, primeiro por cansaço, depois por medo e insegurança. Hoje, com a minha drag, eu tenho redescoberto a noite como um potencial político e de desbunde.


- Você gosta de namorar? Ou preferia ficar mais livre?

Sempre gostei de namorar, mas pelos motivos errados. Eu gostava do conforto e da possibilidade de cuidar de alguém, ser especial para alguém. Mas isso é pura vaidade. Hoje sou mais seletivo do que gostaria a respeito das pessoas que caminham comigo, talvez porque aprendi a gostar de mim quando estou sozinho, a amar a minha solidão. Quando a carência bate, no entanto, eu queria ter tudo aquilo que se tem num relacionamento.


- O que te faz rir?

Ver vídeos de filhotes atrapalhados ou streaming de gaymers (eu não jogo nenhum game, mas sou viciado em ver pessoas LGBT jogando).


 - E o que te faz chorar?

Tudo me faz chorar, dependendo do momento. Já me emocionei com as mesmas coisas que me fazem rir.


- Indica uma música ou canal na Internet pra gente?

Sinto que eu não seria eu se não tivesse sempre uma música para indicar. Faço playlists para cada situação ou sentimento, assim vou guardando essas referências e possa encontrá-las sempre que acho necessário. Hoje escutei uma música chamada "Chão de guerra", do Daniel Tatit com o Fabio Brazza, praticamente uma valsa antifascista, com samples do discurso da Marielle Franco. Essa música me arrepiou, tanto pela construção quanto pela poesia.


- Fala um pouco da sua profissão? 

Acho mais que eu perco a vida tentando receber dinheiro. Trabalho como redator no marketing digital. É algo interessante, porque sempre me permitiu conhecer novos assuntos e me manter atualizado. Como eu me formei em Letras, é uma área não muito óbvia para a minha atuação. Atualmente estudo Psicologia.


- Como foi / está sendo a Quarentena Acha que algo vai mudar? Ou acredita que as pessoas tem memória curta?

A mudança é um exercício. Acho que temos muitas estruturas que nos mantêm rígidos, da maneira que somos. Porém, como qualquer estrutura, o próprio tempo pode corroer e fazer com que esses palácios e casebres desmoronem. O importante é se preocupar para que a manutenção seja feita com sensibilidade ao mundo que nos cerca, impedindo que preconceitos e orgulhos continuem dando alicerce a essas construções que abrigam o que fomos, sem nos permitir ser o novo.


Sobre a quarentena, gostei de uma metáfora: não se pode esperar bananas, se você colocou maçãs na panela de pressão. A pressão desses tempos vai com certeza nos transformar, mas alguns continuarão intragáveis.


 - Quem é você?

Eu sou o que eu sou e também não sou. Tenho tatuado no meu braço a frase da Rita Lee, com a caligrafia da própria: "Ser e não ser, eis a resposta". É uma lição que tento aplicar à minha vida.


 - Um sonho / objetivo profissional?

Eu sempre tive o sonho (narcísico, admito) de salvar vidas. Sempre acreditei que pela arte ou pela educação eu poderia fazer isso. Hoje reconheço que a salvação de um pode ser a perdição do outro. Então tenho como objetivo de vida tentar auxiliar para que as pessoas possam ter as condições de salvarem a si mesmas.


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Publicado Originalmente em 13/09/2020

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